26/09/2010

Mantendo-se dentro do orçamento... impossível?


Tudo na ponta da caneta!

Você decide fazer uma reforma, uma casa, um consultório... logo pensa: quanto será que vou gastar?
Bem... esta pergunta deve ser assessorada pelo profissional que você contratar para projetar e executar a sua obra. Sempre pensei, e penso, que quem projeta, deve executar. Um projeto pode ser assassinado por uma execução mal feita ou mal interpretada. Também tenho que concordar que nem todos os profissionais que projetam, entregam os detalhamentos necessários para uma boa execução, quando feita por uma outra pessoa.
Enfim, decidido o arquiteto que irá tocar todo o processo, aquela longa conversa sobre tudo que você almeja no novo empreendimento. Quanto mais informações o profissional receber, mais difícil ficará se equivocar no valor aproximado final. Devo deixar claro que, qualquer que seja a intervenção (obra), ela levará um prazo, e durante este, os materiais também sofrerão alteração de valores.
Conversa feita, você precisa se sentir seguro com o profissional, com a capacidade dele e de suas idéias. Digo isso, deste ponto de vista, é terrível trabalhar para quem questiona "se vai ficar bonito"... se fosse ficar feio eu não faria, oras!!!... parece estar duvidando ou pondo a prova a minha competência. Se entendi a conversa e o projeto foi aprovado, é hora de deixar a gente trabalhar. Porque, sinceramente, sou apaixonada por cada linha de meus projetos, mas tem clientes que fazem esta paixão minguar, levantando questões desnecessárias, como: "essa mancha na parede vai ficar?", no início da obra, quando muita coisa ainda tem pra acontecer... sim... é meio um desabafo... tenho clientes maravilhosos, mas sempre há exceções. Cara, se não confiava no meu trabalho, não me contratasse, poxa! Você ali, concentrado para que tudo saia perfeito e uma pessoa questionando um pingo de tinta na sacada???
Então, confiança estabelecida e projeto aprovado, é hora de orçar o que fará parte de tudo que foi especificado. Logicamente que neste momento, você já conta os honorários do arquiteto, tanto para projeto, quanto para execução. Verifique se nestes honorários estão além do projeto arquitetônico, os projetos complementares: hidrossanitário, elétrico, estrutural. Caso contrário, terá que contratar profissionais que elaborem estes projetos complementares. No meu caso, entrego todos os projetos. A menos que a obra tenha mais de três pavimentos, aí sim chamo um calculista estrutural. Mas, por favor, não me pergunte se um arquiteto só pode fazer obras de até três pavimentos (mão na cintura, batendo o pé e carinha de indignada...). Somos profissionais completos dentro da área de construção civil, desde uma meia água, até um arranha céus, podemos projetar e executar, certo?

 Verifique as peculiaridades de seu projeto. Elas tem um grande poder de estourar orçamentos quando não bem descritas.
Aqui, escada, corrimãos e espelho d´água.


O meu jeito de fazer orçamento
Quais os profissionais que entrarão na obra? Sim, eles podem dar valor de mão-de-obra sobre um projeto, pois em sua maioria trabalham por
metro quadrado. Sempre acrescente uns 10 a 15% sobre esta mão de obra, pois sem dúvida haverão retoques e estes são cobrados a parte. Se você decidir por um único profissional e sua equipe, ele poderá te dar um valor por “empreitada”, que trata-se do serviço pronto. Na minha equipe, eu tenho um construtor que me entrega a obra inclusive pintada. Uma dica importante: quanto menos pessoas, ou equipes, entrarem na sua obra, melhor... pois na hora do problema, não ficará um jogo de empurra-empurra da culpa. Caso opte por profissionais independentes, segue uma pequena lista para orçar a mão-de-obra e alguns materiais complementares:

  • Mestre de obras – cobra por metro quadrado. Um valor para um pavimento e outro para as lajes adicionais. Em caso de reforma, este valor é empírico. Ele pode quantificar o material bruto. Se ele for bom, possivelmente chegará muito próximo das quantidades reais e com base nisso, já terá o orçamento dos materiais para a parte bruta (levantar e cobrir a casa, demolições e ampliações no caso de reformas)

  • Aberturas: serão de ferro? Alumínio? PVC? Madeira? Todas podem ser orçadas segundo uma lista fornecida pelo arquiteto, tanto as aberturas externas, quanto as internas (de madeira laqueada, pintada ou tingida, ou portas de vidro).

  • Instalador elétrico – alguns cobram pelo número de pontos (quantas luminárias, interruptores e tomadas), outros cobram também empiricamente, pois sempre podemos acrescentar ou eliminar um ponto durante a execução. Também quantifica material de distribuição de pontos... fiação, eletrodutos, caixas de distribuição... etc. Tomadas e luminárias irão depender muito do modelo que você vai escolher. Previamente é bom já saber mais ou menos o que será utilizado, dada a quantidade de tomadas e pontos de luz pelo arquiteto, pode ir com ele a uma loja especializada e orçar.

  • Instalador hidráulico – valor por empreitada - serviço total. Quantificará o material para a distribuição dos pontos de água e coleta de esgoto, caixas de inspeção, caixa de gordura, ralos, drenos do ar condicionado. Aqui, ficará para você e o arquiteto a escolha das louças (bacias sanitárias - vaso, cubas, hidromassagens – eu sei que são de fibra!), pias da cozinha e metais (torneiras, chuveiros, duchas higiênicas, acabamentos de registros, sifões, e todos os aparatos dos banhos – saboneteiras, toalheiros, lixeiras, porta xampus...).

  • Gesseiro – dará o valor do metro quadrado, já com o material e instalação.

  • Colocador de pisos e revestimentos cerâmicos. cobra por metro quadrado, pode quantificar. Mas geralmente o próprio arquiteto já quantifica este acabamento. Novamente, aconselho que previamente verifique o que deseja por: porcelanato, piso vinílico, laminado, cerâmica e orçar em diferentes lojas. A prórpia loja já diz a você a quantidade de argamassa de assentamento, rejunte e espaçadores, quando necessários.

  • Pintor – além do valor de sua mão de obra, dada por metro quadrado, ele irá especificar quanto você irá precisar de massa corrida, tintas, lixas, seladores. Serve para as paredes e o forro, tanto de “laje” quanto de gesso.

  • Móveis: nos meus projetos, já entrego a planta mobiliada (layout), então fica fácil saber o que irá ser necessário orçar. Estofados, poltronas, tapetes, sala de jantar... dormitório: será cama Box ou projetada e demais móveis planejados. Sim! Antes mesmo de começar a obra, você já pode ter uma noção de quanto aquele tão sonhado closet vai custar, a sua cozinha, ou seu consultório (lembre-se, estamos no item móveis), pois o marceneiro se baseia no projeto para dar o orçamento. Lembre-se de verificar se no contrato com o arquiteto estão os detalhamentos dos móveis, design de interiores e decoração. Aproveito para colocar aqui se a paginação de piso e de forro também estão no pacote.

  • Vidraçaria: além do complemento dos móveis, irá orçar espelhos e boxes para banhos. Cuidado! Aqui o valor está, geralmente, vinculado a qualidade.

  • Pedras: granitos? Mármores? Nos banhos e cozinha. Cozinha sempre granitos, ok? Geralmente vinculado ao projeto dos móveis planejados, o próprio marceneiro já inclui o valor das pedras. Isso é bastante variável. O marceneiro pode entregar os móveis completos, ou apenas a parte de marcenaria: madeira.

  • Moldura de forro e rodapés – o gesseiro pode até executar, mas hoje em dia temos materiais chamados de “obra seca”, molduras de poliuretano, de isopor, e outros matérias alternativos com os mais diversos modelos. O arquiteto quantifica e juntos, você e ele,  decidem o modelo. A colocação é feita por especialista. A própria loja pode indicar. Funciona por metro linear. O mesmo vale para rodapés, que além dos materiais citados, pode ser laqueado, ou quando o piso for laminado, a loja oferece o “composé” – rodapé com mesmo acabamento. No caso do piso vinílico, o rodapé pode ser formado pelo prórpio material, em cantos arredondados, sem recortes, em continuação, e em porcelanatos e cerâmicos, podem ser também do mesmo material, porém, recortados na altura desejada.

  • Revestimentos de parede: teremos papéis de parede? Tecidos? Texturas (quantificada pelo pintor)? Quantos metros quadrados? De que tipo? Além disso, quando se opta por tecido ou papel de parede, requer mão de obra especializada que cobra por metro quadrado e também por grau de dificuldade de aplicação.

  • Telhas: cerâmicas? Fibrocimento? Metálicas? – o mestre de obras pode quantificar.

  • Condicionadores de ar – normalmente quem vende, entrega instalado, vinculado ao valor do aparelho toda a rede de comunicação entre unidade interna e externa. O valor irá variar de modelo para modelo e quantidade de BTUs necessários para cada ambiente.

  • Se você pretende trocar e/ou adquirir equipamentos eletroeltrônicos, é sempre bom estar por dentro dos valores. De repente a sua obra consiste em uma clínica ou consultório, e precisa de equipamentos específicos. Precisamos verificar a disponibilidade destes na região e mão de obra especializada. Na maioria das vezes, os valores destes estão acima do que você supõe.

  • E ainda, caso seja apartamento ou sala aérea, sempre leia atentamente a política do condomínio para execução de serviços. Em edifícios comerciais, o trabalho só poderá ser executado (exceto pintura e outros sem barulho), depois das 18H, normalmente, e fins de semana, o que acresce no valor da mão de obra de alguns profissionais. Já nos residenciais, é exatamente o contrário em termos de horários. Outra informação interessante que este "estatuto" vai lhe fornecer é o posicionamento das unidades externas do ar condicionado, se está tudo Ok para a sua unidade e a distância dela até o interior dos ambientes (se não vai passar pelo meio da área de uso comum (corredor de apartamentos ou consultórios, ou hall do pavimento) e você ainda vai ter que fazer o gesso novamente deste espaço, caso o edifício não tenha deixado as "esperas" - tubulações que interligam a unidade interna a unidade externa dos condicionadores de ar).
Basicamente, estes serão os profissionais que entrarão na sua obra e os materiais que você precisa orçar.
Aconselho que siga as indicações do arquiteto para a contratação dos profissionais. Dois motivos me levam a isso: ele já conhece os diversos profissionais de cada campo e ainda, quando indica, passa a ser também responsável por uma perfeita execução. Caso contrário, pode por a culpa em você.
Os orçamentos de materiais de acabamento sempre devem ter um acréscimo de 15%, pelas quebras e perdas.
Não perca tempo nem tenha vergonha. Ligue quantas vezes forem necessárias para seu arquiteto antes de iniciar a obra para se certificar de que tudo, tudo mesmo foi orçado. Logicamente que a decoração irá receber um valor estimativo, mesmo assim, é bom tê-lo na planilha.
Normalmente o acabamento gira em torno de 30a 35% do valor total da obra. Coloque 40% para que esta margem cubra um par de vasos, uma tela na parede...
Ao terminar um orçamento, costumo dizer ao meu cliente: "este valor pode ser mantido se você não se deslumbrar com os materiais durante a obra". Porque as lojas fazem de tudo para te seduzir e conseguem... existem lustres maravilhosos, hidromassagens que só faltam falar, colchões com tecnologias da NASA e de repente, você decide colocar água quente, calefação, não previstos. Opta por um refrigerador três vezes mais caro que o inicial. Depois, quem leva a culpa é o saco de pancadas da obra: o arquiteto.
Com um projeto bem elaborado, você pode quantificar tudo e ter um valor muito próximo do que irá gastar se seguir estas dicas.
Em residências, o único setor que pode sofrer alteração são as fundações. Pois quando a infraestrutura começa a ser executada, podemos descobrir um terreno ou muito fofo (fundações mais profundas), ou cheio de pedras (dependendo do tamanho das pedras, precisamos chamar serviço especializado para quebrá-las e removê-las), ou, caso você seja uma pessoa de sorte, um terreno firme e fácil de engastar a sua residência.
Há uma forma e saber que tipo de fundação deverá ser executada, consiste em um serviço especializado de análise do terreno, raramente utilizado, salvo para edifícios.
Fora isso, esta planilha que você irá montar, servirá de norte para a sua administração financeira, evitando sustos e, não esqueça, pesquise sempre!

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