24/09/2010

Humanização dos EAS - Estabelecimentos Assistenciais de Saúde


Visto como uma das estruturas mais complexas já desenvolvidas pelo ser humano, os hospitais tiveram seus conceitos distorcidos ao longo dos tempos, sendo vinculados diretamente ao tema “doença” ao invés de “saúde”. Acabaram por transmitir em suas instalações este caráter pessimista ao qual, nós, arquitetos, fazemos questão de combater.
Quando ficam doentes, as pessoas têm além do seu físico afetado, o seu aspecto psicológico. E para a busca de tratamento recorre-se a um local rotulado por suas formas, cores e decoração (quando há), deprimente.
Sabe-se, que tonalidades frias (azul, verde, cinza) promovem a depressão. Exatamente as mais utilizadas.
Há uma insistente busca pela humanização dos hospitais, clínicas e outros, através de seus aspectos arquitetônicos. Podemos perceber que grandes centros promovem inclusive pesquisas e estimativas de melhora em pacientes que são tratados em ambientes mais harmônicos e alegres, principalmente crianças.
Deve-se focar alguns, dentre inúmeros ítens, para que, muito além dos profissionais da saúde, todos compreendam para que serve “humanizar”.
Planejar, verificar orçamentos e se cientificar de que um hospital (ou qualquer outra estrutura que se relacione a saúde) “é um constante canteiro de obras” (Jarbas Karman, arquiteto), trata-se de consolidar as bases de um empreendimento de sucesso. Flexibilidade que deriva dos constantes avanços tecnológicos e necessidade de adaptação a esses equipamentos. Para tanto, o mercado oferece uma gama de materiais que permitem tais modificações, cabendo ao profissional que irá desenvolver o projeto listar sua estratégia para uma verdadeira “massa de modelar” que se torna o edifício hospitalar após o término de sua construção (mas não de sua interação).
O que vem a seguir é o tratamento dado a toda esta estrutura quando finalmente ela “conversará” com seus pacientes.
Eficientes e funcionais não são adjetivos hospitalares, mas necessidades básicas. Oferecer o “além de”, esta sim é uma tarefa ousada, porém de bons frutos.
Independente de um orçamento apertado, a criatividade e a versatilidade favorece o uso de cores, formas, jogos de luz e sombra, cheiros, jardins e decoração para a perfeita humanização destes ambientes. Exemplificando: ter que pintar as paredes ter-se-á de qualquer forma. Vai do bom senso pesquisar e se aprimorar que a gama de cores vai além de branco e tons de azul e verde para os diferentes tratamentos com o uso da psicologia humana. Cores quentes, derivadas do camurça, por exemplo, transmitem aconchego e carinho. Dá para se ter uma boa idéia do que estes dois atributos farão por alguém debilitado e carente.
Diversificar e conhecer o efeito psicológico que cada cor exerce sobre cada caso, para cada setor e tipo de função desempenhada pode representar um ganho significativo em melhora e rendimento das pessoas. Um médico que passa o tempo todo sobre a pressão de casos graves e famílias desesperadas merece um local de descanso e relaxamento dentro de seu ambiente tumultuado de trabalho. Texturas, arte e vegetações em “jardins de inverno” não são monstros para nenhum orçamento. Semelhante a este caso, tem-se as internações em apartamentos que merecem cuidados especiais para auxiliarem visualmente na recuperação do paciente e não acrescentar a ele mais um distúrbio, a depressão.
Nas formas arquitetônicas, percebe-se que a modernidade apresenta-se em linhas retas e equilibradas, tomando partido do vidro, carro chefe da arquitetura atual juntamente com o aço, elementos que trazem consigo a mensagem de desenvolvimento tecnológico e atualização dos recursos oferecidos no interior do edifício, transmitindo confiança.
Há que se pensar também que em alguns casos, a doença pode apresentar uma tendência forte ao suicídio. Portanto, janelas e sacadas devem ter locais apropriados e a internação deve ser selecionada. Para casos extremos, as janelas devem apresentar grades.
É muito difícil que em uma obra de grande porte se consiga luz natural para todos os espaços pertinentes e, proporcionalmente difícil, se torna para o paciente perceber quando é dia ou noite uma vez que o funcionamento ocorre por 24 horas da mesma maneira. Além disso, o uso da luz fria, costumeira em ambientes de saúde, gera uma imensa vontade de ir embora, o que nem todos podem, e a luz morna, amarela, traz o conforto emocional. Sob a luz, o ritmo circadiano (relógio do corpo que informa quando é hora de acordar ou dormir) funciona. Nota-se também que a luz fria, por deixar as pessoas em estado de alerta, são ótimas para profissionais do turno da noite, no entanto, estressam o paciente dando a ele uma sensação de que o tempo passa devagar, e o médico demora a atendê-lo. A diferença novamente fica para o bom senso e não para os custos.
A decoração pede telas com motivos abstratos usando cores alegres de tom sobre tom e o uso de suavidades residenciais como abajures, aquários, jardins, que abraçam o paciente dando a ele um lar provisório e transmitindo otimismo, fator essencial para qualquer recuperação em diferentes atmosferas criadas por estes artifícios e a luz.
Quanto aos revestimentos utilizáveis, deve se levar em conta o uso ininterrupto destes complexos. Não será possível fechar para ampliar ou reformar, quando se trata de um hospital. Para diferentes áreas tem-se um enorme leque de possibilidades para necessidades peculiares. Pisos vinílicos e divisórias tipo drywall ajudam na flexibilidade espacial.
O uso de aparelhos condicionadores de ar consiste num importante aliado não somente para o desempenho dos profissionais da área da saúde, como também no conforto do paciente e renovação do ar.
As crianças e os adolescentes que usam a sala de quimioterapia
no Intituto de Pediatria da UFRJ, ganharam um ambiente
Humanizado.
Extremamente necessário ter-se em mente que a recuperação completa de qualquer pessoa sob qualquer debilidade requer cuidados que vão além do que a ciência tecnológica pode oferecer. Antes de tudo, a consciência de que se trata de seres humanos e não máquinas aprimoradas deve ser enfatizada, relembrada para o desenvolvimento de um trabalho perfeito e conjunto.
Harmonizar aspectos funcionais e estruturais através da sensibilidade consiste num desafio bastante difícil, mas não impossível. Utilizar a emoção em prol da saúde e não contra ela não é apenas um ofício de médicos .

Neste link abaixo, vemos como tem muitas instituições descobrindo o valor de "HUMANIZAR OS EAS"
http://www.humanizabrasil.org.br/tag/humaniza-sus/

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