Situação:
Ele alugou uma sala e nela vai montar 2 consultórios. Se está pagando aluguel tem muita pressa, mais ainda que clientes proprietários.
Como pensar:
Penso no dinheiro do cliente como se fosse meu, sempre. E me coloco em sua realidade financeira para administrar da melhor maneira estes valores.
Como agir:
Em qualquer trabalho que vamos fazer, muitas novidades e conhecimentos são vistos e revistos, respectivamente. Então, por mais preparados que estejamos, é sempre bom fazer o bom e velho estudo de caso, trabalhinho da faculdade que funciona no dia a dia. Mesmo para quem já tenha feito outros consultórios do mesmo segmento, no caso, odontologia, a tecnologia tanto dos materiais quanto dos aparelhos está em constante atualização. Estar em sintonia com o mercado vai nos garanti maior segurança de um projeto adequado as necessidades.
Passos:
1 - Estudo de caso - vários!!!
1.1 - Ler a respeito, ver ambientes (programa de necessidades) e distribuições (fluxograma), entender um pouco da profissão que estamos prestes a atender. Isso vem antes da conversa específica com o cliente para, basicamente, entendermos a sua linguagem.
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Fluxograma e euipamentos de funcionamento que necessitam de instalação prévia - compressor e bomba de vácuo |
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A presença de dois consultórios e compartilhamento de salas (otimização do espaço) |
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Instalações necessárias |
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Sala de Raio X |
2 - Programa de necessidades
A partir do que foi visto, e com base na informação que já temos de que serão dois consultórios, traçamos os ambientes necessários:
- Recepção
- Sala de espera
- Lavabo Público
- Consultório 1
- Consultório 2
- Sala de prescrição
- Sala de esterilização
- Sala de Raio X (o cliente deixou claro que mesmo sendo periapical, quer separada)
- Sala de próteses
- DML
- Lavabo dos funcionários
- Copa
3 - Lançar o estudo preliminar
Um rascunho sobre o qual será realizada a conversa para formatar o projeto em termos de disposição e ambientes.
Antes disso, fui até a sala, visualizei e medi tudo. Percebi que o espaço era pequeno para tantas coisas. O quebra-cabeça precisava ser muito bem resolvido para não disperdiçar áreas que não temos condições de abrir mão.
Em qualquer projeto já sou contra áreas perdidas em corredores, por exemplo, neste, mais do que um princípio de projeto, isso é primordial para o funcionamento.
Normalmente sou muito boa em layouts. Para ser franca, nenhum deles até hoje eu precisei alterar e funcionam bem. Isso é importante, ver o pós para nos aperfeiçoarmos. Mesmo que tenhamos errado, para nossa formação, é importante, são experiências para um trabalho cada vez mais próximo da excelência.
Olho meus projetos já executados e todos eu faria diferente hoje, com outro pensamento. Mas isso já fica por conta do perfeccionismo exacerbado que carrego. Mesmo neste projeto, que estou no início, fico insegura muitas vezes se decidi pela melhor planta. Ela foi a primeira, e outras tentativas pareciam sempre inferiores.
Ah, acabei de me lembrar de um layout que alterei diversas vezes. Por acaso uma cirurgiã-dentista que pretendia por 2 consultórios na mesma sala, caso semelhante, e tal sala fica no mesmo edifício atual. Sabemos que os edifícios possuem algumas estruturas fixas, como instalações de água e esgoto. depois de alguns layouts apresentados ao marido dela, que trabalha com informática mas fazia questão de gerenciar tudo, chegamos a disposição final. Levei o rapaz que iria instalar as cadeiras até a sala para que visse suas necessidades. Então ele deu a brilhante idéia de colocar o lavabo, já instalado, no meio da sala. Creio que ele não tem noção do que significa mudar de lugar esta instalação. Fatores facilitadores já estavam comprometidos. A sala do pavimento inferior já possuía gesso, teríamos que elevar somente o piso do tal lavabo, a cliente adorou a idéia do "gênio", dizendo que era perfeitamente possível criar um degrau de 20cm no mínimo dentro deste ambiente para esgoto, e conduzí-lo pelo perímetro da sala até o tubo de quedas. Detalhe fundamental: este seria o lavabo público, que por lei, não pode conter degraus. Somem por favor: elevar o piso, conduzir um tubo de 100mm, em caminhos que mudam de direção a 90º (estamos falando de esgoto) e criar uma rampa para 20cm de um lavabo. A 10% esta rampa daria 2m de comprimento. Totalmente viável, segundo ela. Então, percebi que ela precisava de um profissional mais flexível, porque eu não via tal viabilidade.
Aprendi que precisamos conquistar a confiança do cliente, deixando claro que quem entende do assunto somos nós, sem ser arrogante, mas firme e que eles apenas precisam nos dizer o que necessitam para ser atendidos. Foi um dos meus primeiros projetos sozinha, eu ainda estava na fase de querer agradar demais. Como dizia minha vó, quem muito abaixa mostra a piiiii. Hoje eu ainda acho que faço demais por meus clientes, mas firme sempre nas minhas convicções. Elas serão inevitavelmente confundidas com intransigência ou conhecimento de causa. O segundo caso me favorece e tm muito da verdade. O primeiro, são clientes que pensam que sabem tudo e que o arquiteto não passa de um desenhador, uma ferramenta de computador.
Nós mesmos praticamos este preconceito. Vejam, se vamos ao médico não achamos que ele está nos lesando por cobrar uma consulta... mas não cobramos consultas. Também, se questionamos algo a ele, sua resposta será respeitada, seria ele intransigente por nos dizer que estamos equivocados? Sugerindo um tratamento diferente do que "pensávamos" ser o correto? Eu não estudei medicina, preciso confiar no profissional que contratei ou trocar de profissional ou ainda procurar outra opinião apenas para me certificar, mas a palavra intransigente quando ele defende suas convicções, não usaria, não normalmente.
Vou postar o estudo preliminar ainda hoje, neste mesmo post. Preciso ir agora.
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