Certamente que na sua cabeça já existe uma imagem de como gostaria que o seu espaço comercial fosse em termos visuais. Pode ser uma mistura de diferentes ambientes que o têm vindo a inspirar, ou uma releitura de uma loja que visitou no exterior, ou ainda não faz a mínima idéia… Seja qual for o caso, reuni algumas dicas que vão não apenas ajudar a solidificar suas idéias existentes, mas também gerar novas!
Isso não exime da necessidade de acompanhamento profissional. O que pretende é localizar melhor a sua pessoa em todo o processo.
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Micro e charmosos ambientes dentro do espaço comercial |
Organização do espaço
É dever do arquiteto se não saber se infromar e muito bem sobre o que o cliente está pretendendo montar. Então, nesta fase inicial, a sua opinião pode decidir o rumo das coisas, principalmente se você já está inserido no universo comercial do setor em que irá trabalhar, ou dar sequência.
O primeiro passo será, inevitavelmente, fazer a divisão do espaço: precisa de mais espaço para expor artigos ou para receber clientes? E para a arrumação do estoque? E provadores? Tem espaço para quantos?
Tá aí uma questão importantíssima: espaço x necessidade. Se fosse fazer pelo correto mesmo, até a escolha da sala deveria ser acompanhada por profissional que tem uma isão treinada e antecipada das possibilidades. Estamos falando de um bom profissional!
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Uma solução para espaços pequenos é não poluir mas ter sempre um elemento de destaque que ganhe visualmente o cliente. |
O que ganha mesmo um cliente e por consequência a sua simpatia e propaganda são os tratamentos diferenciados, do atendimento ao próprio espaço físico. Quem sai as compras pode chegar a sua loja cansado, precisando sentar, tomar uma aguinha, um café. E um lavabo bem decorado que nunca deve ser confundido com "bastante decorado".
Juntamente com a setorização deve ser definido o estilo da loja.
Mobiliário: muito ou pouco?
Ora o mobiliário que irá preencher um espaço comercial depende bastante do tipo de ambiente que se quer criar, portanto o estilo – minimalista, romântico, zen, boêmio, descolado – sem esquecer as diferentes seções que podem ou não dividir o espaço. Grande salão? Salão fragmentado? É essencial existir liberdade de movimento em toda a loja – a circulação não pode ser um problema! Em termos de mobília, uma loja infantil funcionaria bem com muitos poufs coloridos e mesas do tamanho dos clientes; uma loja de surf poderia utilizar pranchas estilizadas penduradas na horizontal como prateleiras para roupa ou outros acessórios, e não muitas, porque onde há um fato inovador, ele deve ser focal e não massante; uma loja de lingerie poderia funcionar bem num estilo vitoriano com poltronas e até uma guarda-roupa antigo para exibir conjuntos glamourosos.
A mistura de estilos é perigosa. Deve ser feito com maestria.
Fato da vida real: Tive uma cliente que seu bom gosto era inegável para mercadorias. Vende roupas femininas. Mas você ter 100 peças lindas de vestuário não significa que você deva aplicar o mesmo princípio na decoração. E ela fazia exatamente isso: comprava muitas peças maravilhosas decorativas. Lindas quando isoladas, unidas causavam um caos. Dessa forma se perde o foco. Era tudo magnifício: um lustre divino, com poltronas Luis XV explendorosas, tapetes rebuscados, mesa inteiriça de vidro, cortina, papel de parede... tudo isso num espaço bastante reduzido e preto predominante. Quando ela me perguntou o que eu achava (porque eu cheguei com tudo em andamento), respondi sobre seu bom gosto mas que faltava uma harmonia entre tudo, que não havia uma conversa entre os elementos. Procurei dizer da forma mais delicada possível, afinal, era para o bem dela e, eticamente, não me permito faltar com a verdade, pois é meu trabalho dar uma verídica orientação. Ela não aceitou. Esperava elogios e teve um outro lado explanado.
Essa é a prova que ter bom gosto para uma determinada situação ou fato não significa que você poderá fazer sozinho uma decoração. Alguém que está inserido neste meio 24horas por dia sabe exatamente o que está em alta, o que casa com o que, o que fica bem. Tudo isso sempre respeitando o cliente, mas na medida certa, com equeilíbrio.
Paleta de cores
Organizado o espaço, definido o estilo-chefe, é hora das cores – isso está intiamente ligado aos produtos que serão oferecidos. Se for uma loja infantil, as cores vibrantes não podem faltar; se for uma loja ultra-sofisticada, pode perfeitamente “arriscar” com pretos, dourados ou prateados; se for um espaço dedicado aos esportes radicais ou à vida ao ar livre, talvez os tons da terra ou da natureza sejam os mais adequados. Na decoração, a cor também é fundamental, por isso, saiba escolher aquela que melhor combina consigo e com o seu projeto. Ela (s) devem atrair seu público-alvo através de uma identificação visual rápida.
Exposição exemplar
Apesar de uma boa decoração e da exposição de mobiliário serem importantíssimos para uma loja agradável e apelativa, os grandes protagonistas são, sem dúvida, os seus produtos. Quantos mais produtos estiverem expostos melhor, ora ninguém gosta de entrar numa loja vazia! No entanto, ninguém aprecia o extremo – uma loja tão atulhada que, para além de não ser possível ver quase nada, até temos medo de nos mexer! Há que encontrar um meio-termo e exibi-los de forma criativa mas também funcional:
- Os melhores produtos devem ser colocados ao nível dos olhos; seguindo o mesmo raciocínio, os artigos para as crianças devem ser exibidos ao nível dos olhos dos seus clientes de um palmo e meio.
- Se optar por prateleiras, coloque as mais estreitas em cima (para acolher objetos mais leves), deixando as mais largas para a zona inferior (para acolher objetos mais pesados) – o resultado será uma exposição visualmente agradável e segura (para os clientes e para os seus produtos!). Além disso, incorpar os expositores emoldura as peças.
- Prateleiras ou estantes uniformes dispostas ao longo de uma parede inteira conferem um visual agradável e organizado, permitindo que se destaquem mais os produtos e menos a decoração – ideal para uma sapataria ou livraria, por exemplo.
- Agrupar produtos semelhantes (molduras ou candeeiros) ou consoante o seu gênero (ténis ou guarda-chuvas), por cores (numa loja de decoração criar um “cantinho azul”, por exemplo) ou funções (velas e castiçais, sapatos e bolsas) são todas elas formas fáceis e eficazes de organizar a sua loja.
- Pequenos espaços “modelo”, espalhados pela loja com a conjugação de vários artigos para criar um ambiente específico ficam sempre bem e ajudam o cliente a definir o que ficaria condizente nas suas casas. O mesmo aplica-se ao vestuário: exibir a conjugação de calças, camisolas e camisas – seja em manequins, expostos em cima de uma cadeira ou pendurados num cabide ao lado de um espelho – são elementos sempre muito apreciados. Tire partido do cotidiano!
- Objetos mais caros e que não queira que sejam tocados podem ser exibidos num pedestal com uma caixa em vidro fechada, como uma obra de arte, bem iluminada (o que não significa bastante iluminada") enquanto os artigos mais duráveis podem ser pendurados em cabides na parede para todos mexerem à vontade.
Outros truques
- A iluminação é importante na criação de determinados ambientes e no destaque de certos produtos, principalmente o vidro. São as atmosferas e suas sensações.
- Utilize tecidos e transparências para ocultar cabos ou canalizações expostas, quando em sala alugada que talvez não valha a pena investir em abertura de canaletas na alvenaria, ou painéis de MDF BP ou laqueado. Em alternativa, reúna ilustrações, capas de revistas, clippings de livros ou fotografias com uma cronologia histórica alusiva ao seu negócio ou produto, emoldure e decore as paredes de forma original. Estabeleça uma parceria com um artista cujo trabalho se identifique com a loja e utilize os seus quadros ou outras obras de arte para conferir um ar distinto ao seu espaço. Cultura é sempre sinal de polidez.
- Os tapetes emprestam uma elegância e aconchego extra a qualquer espaço comercial, mas requerem cuidados (diga-se limpezas!) continuados! Eles devem "jogar" os elementos para cima. Por exemplo: uma poltrona preta sobre um tapete preto certamente não irá funcionar.
- As caixas decorativas ou cestos em verga também são excelentes expositores, para objectos mais pequenos, avulso ou até para exibir cachecóis ou gravatas. Tire partido do inusitado.
- As vegetações – naturais ou artificiais – conferem sempre uma lufada de ar fresco a qualquer espaço. Refrescantes e tranquilizadoras, são ainda perfeitas para camuflar zonas ou objectos menos agradáveis.
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Uso de macro imagens conforme a estação além de ambientar a vitrine, ainda chama muito a atenção sem ser agressivo. Para mais informaçõs sobre vitrines, veja o tag VITRINES. |
- Não descuide do hall – que é o cartão de visita da loja – nem da porta de entrada, que pode ser ladeada por dois vasos ou castiçais gigantes, no mercado estamos bem servidos de ítens de iluminação classudos, ou até por um manequim extremamente bem produzido, a cara do que você vende na loja. Este primeiro impacto irá perdurar e ainda serve de convite.
- Vista a loja de acordo com a estação do ano ou época festiva. Portanto, os espaços antes traçados devem permitir esta versatilidade.
- Se a sua área de arrumação é a sobreloja, aproveite o espaço debaixo da escada qui çá com um jardim e uma fonte, mas nunca o deixa "sobrando" a menos que a escada seja escultural.
- Uma dica funcional: mantenha o padrão de projeto estendido aos seus produtos com criatividade e sem exageros. Inove na forma como exibe as etiquetas de preços: folhas de árvores, post-its, peças de origami, cartões ou postais com imagens alusivas à loja ou aos seus produtos.
Fachada
Pense nela como a embalagem do presente. Deve traduzir perfeitamente o que há no interior da loja, com graciosidade e ao mesmo tempo forte presença. Ela vai marcar a paisagem urbana e frizar o nome da sua loja se bem pensada, bem executada.Além de todas essas dicas, lembre-se: deve ser um ato prazeroso planejar e executar o seu negócio. Evite dores de cabeça desnecessárias. Permita-se acompanhar. Isso nunca irá tirar seus méritos.
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